Entrevista ao Professor Carlos Costa! Parte 2
O post de hoje será a 2ª parte da entrevista ao professor Carlos Costa. Se ainda não leram a primeira parte da entrevista poderão fazê-lo através do seguinte link:
Entrevista ao Professor Carlos Costa! Parte 1
Entrevista ao Professor Carlos Costa! Parte 1
5. O que distingue um aluno mediano de um bom aluno?
Nós tendemos a associar só à nota. Isso é importante, pois inscrição em
outros cursos (mestrados ou doutoramento) pode depender desse aspeto. Mas digo
sinceramente que passado alguns anos não me lembro que notas dei aos meus
alunos (com rarÃssimas exceções) e a nota acaba por não ser tão importante.
Acho que o bom aluno é aquele que deve de aproveitar o melhor possÃvel o que é
fornecido pelos professores. É aquele que consegue aprender para além do que
lhe foi ensinado.
Outro aspeto relevante é o envolvimento em atividades ditas
extra-curriculares, que eu chamaria antes complementares. Cada vez é mais
relevante a participação em organismos de carácter internacional como o AIESEC,
Junior Empresa, IEEE branch, ACM chapter, entre outros. Se houver possibilidade
de fazer trabalhos com professores é também algo muito bom. Desenvolvimento de atividades de investigação
com professores é algo relevante para distinguir os alunos médios dos bons.
6. Para muitas pessoas a transição faculdade-mercado de trabalho é uma
transição muito
complicada. Que conselhos daria a quem está a acabar a licenciatura de
forma a conseguir
uma transição o mais suave possÃvel?
Posso dar a minha experiência, após a licenciatura trabalhei num banco e
depois numa empresas de consultoria. Pessoalmente houve uma coisa que achei
mais interessante, eu estudava bastante, mesmo aos fins de semana. Quando
passei para o mundo laboral passei a ter fins de semana. Logo, nisto até foi mais
fácil. Agora mais a sério, aqui vão
algumas sugestões. Em primeiro lugar,
aconselho a ser o mais competentes possÃvel, quer em termos técnicos quer
ajudando os colegas. Mesmo que estejam num estágio, pode ser uma possibilidade para ser visto e vir a ter
oportunidades futuras. Em segundo lugar, acho que devem formar-se (pós-graduação, mestrados,
certificações, etc.) porque nunca se sabe quando essa formação vais ser necessária. Em
terceiro lugar, pensem em todos os aspetos que a empresa pode dar, não só a
remuneração. Em quarto lugar, devem
evitar situações ambÃguas ou sujeitar-se a chantagens (infelizmente acontece).
7. No processo de recrutamento, o que é que as empresas valorizam mais:
notas ou soft skills?
Depende das empresas e da função para as quais são contratados. Cada vez
mais, as empresas fazem mesmo testes técnicos. Logo, a nota pode ser relevante
para ir à entrevista, mas depois é preciso demonstrar que se sabe.
Particularmente nas Tecnologias de Informação, é pratica corrente fazerem-se
testes de conhecimentos. Ou seja, a nota é quase irrelevante.
8. Considera que existe um gap entre as antigas gerações e as novas
gerações de licenciados?
Existem sempre os gaps geracionais. No entanto, Bolonha veio contribuir
para diferenciação adicional. Com Bolonha, as licenciaturas passaram a ter
necessariamente menos matérias. Por exemplo, uma licenciatura de gestão tinha
mais teoria, mais matemática, direito, etc. Até tinham mais Informática. Alguns
tópicos até seriam dispensáveis. No entanto, outros não. Acompanhei o processo
no ISCTE e vi sucessivamente desaparecer tópicos relevantes em Gestão.
Em segundo lugar, hoje em dia já se considera que quase todos devem ter
licenciatura. Quando fiz a licenciatura foi uma altura em que houve grande
crescimento de licenciados, mas partia-se de uma base muito baixa.
9. Em jeito de conclusão, agradecia que desse um conselho para quem quer
alcançar melhores
resultados a nÃvel académico e pessoal.
Não encarar a formação de forma tão calculista. Ou seja, é bom ter
formação, mas também pode (ou não existir oportunidades), quando as duas se
encontram, é o ideal. Mas conheço muitas oportunidades desperdiçadas por falta
de formação adequada.
Ser persistente é muito importante. Muitas vezes não dão por nós durante
anos. Mas a longo prazo os resultados aparecerão.
Não sou bom exemplo nesse aspeto. Mas as pessoas com mais sucesso tendem a
focar-se nas alturas decisivas e terem o seu tempo pessoal, desligando aos fins
de semana ou ao final do dia.
Aproveitar os meios de comunicação atuais para potenciar não só a nÃvel
pessoal como profissional Não percebo porque não existem mais pessoas a terem
blogs. Há pessoas que ate sabem escrever, então escrevam. Aproveitem as redes
sociais para demonstrar quais as suas competências (skills).
Foi uma honra poder entrevistar o professor, aprendi
bastante com esta entrevista e espero que os leitores possam também aproveitar
todo o conhecimento do professor para melhorar os seus resultados a nÃvel
pessoal e profissional.
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