Entrevista ao Professor Carlos Costa! Parte 2

janeiro 29, 2018
O post de hoje será a 2ª parte da entrevista ao professor Carlos Costa. Se ainda não leram a primeira parte da entrevista poderão fazê-lo através do seguinte link:
Entrevista ao Professor Carlos Costa! Parte 1

5. O que distingue um aluno mediano de um bom aluno?

Nós tendemos a associar só à nota. Isso é importante, pois inscrição em outros cursos (mestrados ou doutoramento) pode depender desse aspeto. Mas digo sinceramente que passado alguns anos não me lembro que notas dei aos meus alunos (com raríssimas exceções) e a nota acaba por não ser tão importante. Acho que o bom aluno é aquele que deve de aproveitar o melhor possível o que é fornecido pelos professores. É aquele que consegue aprender para além do que lhe foi ensinado.
Outro aspeto relevante é o envolvimento em atividades ditas extra-curriculares, que eu chamaria antes complementares. Cada vez é mais relevante a participação em organismos de carácter internacional como o AIESEC, Junior Empresa, IEEE branch, ACM chapter, entre outros. Se houver possibilidade de fazer trabalhos com professores é também algo muito bom.  Desenvolvimento de atividades de investigação com professores é algo relevante para distinguir os alunos médios dos bons.

6. Para muitas pessoas a transição faculdade-mercado de trabalho é uma transição muito
complicada. Que conselhos daria a quem está a acabar a licenciatura de forma a conseguir
uma transição o mais suave possível?

Posso dar a minha experiência, após a licenciatura trabalhei num banco e depois numa empresas de consultoria. Pessoalmente houve uma coisa que achei mais interessante, eu estudava bastante, mesmo aos fins de semana. Quando passei para o mundo laboral passei a ter fins de semana. Logo, nisto até foi mais fácil.  Agora mais a sério, aqui vão algumas sugestões.  Em primeiro lugar, aconselho a ser o mais competentes possível, quer em termos técnicos quer ajudando os colegas. Mesmo que estejam  num estágio, pode ser uma possibilidade para ser visto e vir a ter oportunidades futuras. Em segundo lugar, acho que devem  formar-se (pós-graduação, mestrados, certificações, etc.) porque nunca se sabe quando  essa formação vais ser necessária. Em terceiro lugar, pensem em todos os aspetos que a empresa pode dar, não só a remuneração.  Em quarto lugar, devem evitar situações ambíguas ou sujeitar-se a chantagens (infelizmente acontece).

7. No processo de recrutamento, o que é que as empresas valorizam mais: notas ou soft skills?

Depende das empresas e da função para as quais são contratados. Cada vez mais, as empresas fazem mesmo testes técnicos. Logo, a nota pode ser relevante para ir à entrevista, mas depois é preciso demonstrar que se sabe. Particularmente nas Tecnologias de Informação, é pratica corrente fazerem-se testes de conhecimentos. Ou seja, a nota é quase irrelevante. 


8. Considera que existe um gap entre as antigas gerações e as novas gerações de licenciados?

Existem sempre os gaps geracionais. No entanto, Bolonha veio contribuir para diferenciação adicional. Com Bolonha, as licenciaturas passaram a ter necessariamente menos matérias. Por exemplo, uma licenciatura de gestão tinha mais teoria, mais matemática, direito, etc. Até tinham mais Informática. Alguns tópicos até seriam dispensáveis. No entanto, outros não. Acompanhei o processo no ISCTE e vi sucessivamente desaparecer tópicos relevantes em Gestão.
Em segundo lugar, hoje em dia já se considera que quase todos devem ter licenciatura. Quando fiz a licenciatura foi uma altura em que houve grande crescimento de licenciados, mas partia-se de uma base muito baixa.


9. Em jeito de conclusão, agradecia que desse um conselho para quem quer alcançar melhores
resultados a nível académico e pessoal.

Não encarar a formação de forma tão calculista. Ou seja, é bom ter formação, mas também pode (ou não existir oportunidades), quando as duas se encontram, é o ideal. Mas conheço muitas oportunidades desperdiçadas por falta de formação adequada.
Ser persistente é muito importante. Muitas vezes não dão por nós durante anos. Mas a longo prazo os resultados aparecerão.
Não sou bom exemplo nesse aspeto. Mas as pessoas com mais sucesso tendem a focar-se nas alturas decisivas e terem o seu tempo pessoal, desligando aos fins de semana ou ao final do dia.
Aproveitar os meios de comunicação atuais para potenciar não só a nível pessoal como profissional Não percebo porque não existem mais pessoas a terem blogs. Há pessoas que ate sabem escrever, então escrevam. Aproveitem as redes sociais para demonstrar quais as suas competências (skills).


Foi uma honra poder entrevistar o professor, aprendi bastante com esta entrevista e espero que os leitores possam também aproveitar todo o conhecimento do professor para melhorar os seus resultados a nível pessoal e profissional.

Mindset

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